Para ajudar no tratamento completo de bebês e crianças com o Pé Torto Congênito, o Hospital de Base de São José do Rio Preto, recebeu a doação de 80 órteses ortopédicas. A doença afeta cerca de um a cada mil bebês no mundo, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, calcula-se que cerca de 2,5 mil crianças nasçam por ano com a condição. O tratamento completo e gratuito continua sendo possível devido à doação dos dispositivos feita através do projeto do Dr. Ricardo Innecco de Castro, do Rotary Club de São Carlos, junto ao Rotary International Alemanha, por intermédio do Rotary Alvorada, de São José do Rio Preto.
As órteses foram entregues na Diretoria da Funfarme. Estavam presentes o diretor executivo da Funfarne, Dr. Horácio Ramalho; os médicos ortopedistas Dr. Alceu Chueire e Dr. Alceu José Fornari Chueire, e o responsável pelo Ambulatório de Ortopedia Pediátrica e o atual chefe do Departamento de Ortopedia, Porf e Dr. Guaracy Carvalho Filho; o presidente do Rotary Club Alvorada, José Eduardo Damiani, e os rotarianos João Passos e Alexandra Casado, e Lelo Maset, governador do Distrito 4480.
Todas as órteses serão utilizadas no Ambulatório de Especialidades do HB, que oferece, de forma totalmente gratuita pelo SUS, o tratamento completo da condição através do método de Ponseti, protocolo reconhecido internacionalmente como o mais eficaz na correção do Pé Torto Congênito. Neste método, o uso de órteses tipo bota é fundamental para manter a correção conquistada nas etapas iniciais.
Atualmente, o Ambulatório de Especialidades do HB atende em média dois novos casos por mês. Por semana, são atendidos 10 casos – entre pacientes em fases diferentes do tratamento (gesso, cirurgia e órtese).
O pequeno Rafael da Silva Mello, de apenas 4 meses de vida, foi diagnosticado com o Pé Torto Congênito. Logo que nasceu, iniciou o tratamento no Ambulatório do Hospital de Base de Rio Preto, passou por uma cirurgia e recebeu a primeira órtese da doação, nesta quarta-feira, 3.
A mãe de Rafael, Danila Cristina da Silva conta que a família é de Barbosa. Rafael nasceu em Penápolis, mas precisou ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi transferido para o Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto.
“O Rafael precisou ficar 15 dias internado na UTI do HCM e, quando tivemos alta, já sai com toda documentação para passar por um ortopedista. O tratamento dele começou quando ele tinha um mês de vida. Ele passou pela cirurgia no dia 7 de agosto e hoje está colocando a órtese”, diz ela.
Segundo o Dr. Alceu José Fornari Chueire, médico ortopedista da Funfarme, com a doação, a disponibilidade do produto já na instituição e com o apoio do Rotary agora será possível fazer o tratamento da maneira completa: o paciente inicia na fase do gesso, recebe a alta no fim do tratamento com o Hospital de Base e a Funfarme fornecendo tudo o que precisa.
“Essa doação é muito importante por conta da eficiência e qualidade no tratamento para os pacientes que têm o Pé Torno Congênito. A gente tem tido uma ótima aceitação, uma estrutura completa para fazer a parte do gesso e a parte da cirurgia do método de Ponseti. Infelizmente, por conta de algumas questões burocráticas e a dificuldade de conseguir esse material, que é quase artesanal, a fase da órtese ficava um pouco incompleta, algumas famílias não conseguiam adquirir esse produto em um tempo adequado. Para conseguir isso, infelizmente o pé torto e as deformidades tendiam a voltar”, afirma.
Danila afirma que com a implantação da órtese ela se sente mais segura, porque tem medo que o pezinho dele volte e o tratamento volte do zero.
“Não perco uma consulta porque eu perdendo posso atrasar ele no tratamento. E meu maior desejo é fazer tudo certo para ver meu filho com os pezinhos normais”, afirma.
Dr. Alceu explica que o método de Ponseti é dividido em três fases: a primeira é realizada semanalmente no Ambulatório, com duração média de seis a 10 semanas de tratamento. Na segunda fase, 95% dos pacientes vão precisar de uma cirurgia, que é realizada no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto e, por fim, o paciente inicia a fase da órtese, que dura até os quatro anos de idade.
O diagnóstico precoce ajuda porque quanto mais cedo se inicia o tratamento, o resultado é melhor. Se o recém-nascido é diagnosticado com a doença, ele inicia o tratamento da órtese com períodos que variam de 23 horas por dia até a fase quando começa a andar, 14 horas por dia.
“Isso garante a qualidade do tratamento completo. A criança volta a ter o pé funcional, flexível e a desenvolver todas as habilidades, todas as coisas que uma criança tem que fazer”, diz o Dr. Alceu.
O diretor executivo da Funfarme, Horácio Ramalho, agradeceu a iniciativa e destacou que doações como essa são essenciais para garantir qualidade de vida aos pacientes. “Ações como essa transformam realidades, fortalecem o SUS e permitem que possamos oferecer um tratamento completo e de excelência às nossas crianças”, afirmou.
Doação
Dr. Ricardo Innecco de Castro, médico e rotariano, conta que fez o projeto, apresentou ao Rotary Club de São Carlos e, em conjunto com o Rotary Internacional Alemanha, conseguiu 1,6 mil órteses para serem doadas em diferentes locais do Brasil.
Ele então entrou em contato com o Rotary Alvorada, de São José do Rio Preto, e 80 dessas órteses foram entregues ao Hospital de Base.
“O objetivo é dar assistência a clinicas que atendem crianças com Pé Torto Congênito, que é uma deformidade e que no brasil infelizmente metade dessas crianças não tem tratamento. As clínicas que fazem o tratamento gratuito, têm a dificuldade de continuidade no tratamento, por isso a necessidade das órteses. O Rotary Club São Carlos-Norte desenvolveu esse projeto e hoje estamos encerrando exatamente aqui em Rio Preto”, diz Dr. Ricardo.
Para ele, a doação também teve um sentimento em particular.
“Para mim é uma emoção voltar, me formei aqui, fiz ortopedia aqui. Comecei minha vida médica aqui e terminei meu projeto aqui então é muito emocionante”, finaliza.