A campanha “Setembro Amarelo” foi criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O dia 10 deste mês é, oficialmente, considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Neste ano o tema da ação será “A vida é a melhor escolha! ”.
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
“Uma pessoa quando está prestes a cometer suicídio ela dá sinais. Os primeiros alertas são frase de morte, como “nossa queria morrer” ou “ por que um carro não me atropela”. É o que chamamos de desejo de morte. O problema se agrava quando o paciente passa do polo passivo para o ativo e a pessoa de fato tem mente o extermínio da própria vida. Por isso nenhum sinal deve ser ignorado. Muitas vezes a pessoa tenta pedir ajuda, mas não é interpretada de forma correta. Um estudo feito na Inglaterra mostrou que 60% das vítimas de suicídio buscaram ajuda médica 30 dias antes de tirar a própria vida”, explica o psiquiatra Gerardo Maria de Araújo Filho, responsável pela coordenação do setor de saúde mental do Hospital de Base, de São José do Rio Preto/SP.
Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. “Ao tratar uma depressão, o risco de suicídio cai drasticamente. Por isso é importante a pessoa ou familiares do paciente buscarem ajuda de um psicólogo ou um psiquiatra. Jamais, em hipótese alguma julgar, fazer discursos de que a vítima é uma pessoa fraca ou comentários irônicos. A solução é abraçar o paciente e ajuda-lo a buscar ajuda de um profissional”, afirma Dr. Gerardo.
Ainda de acordo com dados da OMS, todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama - ou guerras e homicídios. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
“A visão de que só jovem adulto tenta tirar a própria a vida é uma visão errônea. Muito pelo contrário, notamos um aumento a prevalência do suicídio adolescentes e os idosos. Se analisar o idoso, por exemplo, o paciente vê que envelhecer é um processo muito delicado, existe a perda de funções físicas, equilíbrio, marcha, reflexos e também a perda de amigos e companheiro ou companheira. São questões que afetam estas pessoas e fazem com que eles tentem contra a própria vida”, afirma Gerardo.
“Já o aumento da incidência entre os adolescentes, muito tem a ver com a interferência das redes sociais, onde todos são felizes e postam coisas boas, uma vida edita vamos assim dizer. E isto faz com que desperte o sofrimento em algumas pessoas, geram pensamentos “todos estão felizes, menos eu”. Outros fatores também como violência doméstica, bullying, todas estas questões estão ligadas ao aumento de suicídio em crianças e adolescentes”, complementa.
Toda população deve atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu. É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha.